sábado, 6 de setembro de 2008

Raposa do Sol: Justiça mira violência de prefeito do DEM

Se fosse um prefeito da base do governo Lula, com certeza seria manchete em todos os jornais a noticia da denúncia, feita pela Procuradoria Regional da República, sobre o prefeito democrata de Pacaraima, em Roraima, Paulo César Quartiero, por seqüestro, cárcere privado, roubo e dano qualificados. Quartiero é candidato à reeleição e, embora seja reconhecido pela usual violência com que trata os conflitos políticos na região, ele não está na ''lista suja'' da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).

Junto com Quartiero também foram denunciados Francisco Roberto do Nascimento, os índios tuxauas Genival Costa da Silva, Nelson Silvino e Sterfeson Barbosa de Souza. Segundo nota da Procuradoria, Quartiero é acusado de coordenar uma invasão à missão religiosa do Surumu, a 230 km da capital Boa Vista e dentro da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em 6 de janeiro de 2004. O prefeito é dono de fazendas de plantação de arroz e lidera um grupo de rizicultores que é contra a demarcação contínua da reserva.

Na época, invasores destruíram a missão, seqüestraram três padres, levaram bens que estavam no local, além de ameaçar religiosos e alunos. Os padres Ronildo Pinto de França, João Carlos Martines e César Alvallaneda foram levados em veículos diferentes após a invasão e permaneceram presos durante dois dias. Ainda segundo a Procuradoria, testemunhas e peritos comprovam que o grupo chegou ao local por volta de 3 horas da madrugada e saiu às 6 horas e 30 minutos.

Na mesma data, um grupo invadiu a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Boa Vista. Segundo o administrador do órgão, vários ônibus lotados chegaram para promover a invasão. À frente deles, segundo o administrador, estava Paulo César Quartiero.

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A Procuradoria explica na denúncia que a ação teve o ''intuito de dar publicidade à sua causa e forçar as autoridades a realizarem a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol da forma que lhes é mais conveniente (em ilhas)''.

O STF (Supremo Tribunal Federal) analisa ação pública que contesta a demarcação contínua da reserva. No último dia 27, um pedido de vista suspendeu o julgamento, adiando a decisão que deve servir de base para outras demarcações.

A denúncia contra o prefeito de Pacaraima aguarda agora decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Se for aceita e os acusados, condenados, a pena pode ser de até 21 anos de prisão.

Paulo César Quartiero afirmou que o caso é mais um processo requentado e sem fundamento. ''São processos do Ministério Público, da Funai; eles me processam com dinheiro público e eu tenho que me defender com dinheiro particular, eles não têm nada a perder'', afirma Quartiero. ''Eles querem me dar trabalho. Eles são ociosos'', finaliza.

''Tridente do diabo''

Quartiero é prefeito e candidato à reeleição pelos Democratas em Pacaraima, cidade a 250 km da capital de Boa Vista, e é dono de duas das maiores fazendas de produção de arroz de Roraima. Das 33 ações que seriam julgadas pelo STF no útlimo dia 29 de agosto - data que a Corte analisou a demarcação, ''muitas'' são da parte de Quartiero.

O fazendeiro defende que os índios organizados no Conselho Indígena de Roraima (CIR) estão ''a serviço'' e são ''instrumentos'' de organizações não-governamentais estrangeiras que querem facilitar o acesso ao país pela fronteira com a Venezuela e com a Guiana. Segundo ele, a demarcação de toda aquela área como Terra Indígena dificulta a fiscalização do Exército Brasileiro. ''Eu não tenho problema nenhum com os índios. Eles são meus eleitores, me elegeram prefeito e trabalham para mim'', diz Quartiero. ''Os que conflitam comigo são uns poucos representados pela CIR.''

Paulo César Quartiero diz que vai acatar e cumprir a decisão do STF, mas alerta que as conseqüências de uma possível decisão pela demarcação contínua serão ''imprevisíveis''. Quem está ''criando problema'' na região, de acordo com Quartiero, é o governo federal, por meio principalmente do Ministério da justiça. ''O senhor Tarso Genro mandou a sua polícia aqui para nos expulsar e criou essa confusão toda. Quem está criando problema em Roraima é essa haste do tridente do diabo, formado por Ibama, Incra e Funai'', diz ele.

Da redação, com agências

Fonte: Vermelho

Eleições 2008 em Icapuí

Juventude com Dedé diz SIM a Icapuí
05/09/2008
Caminhada até a Tenda da Juventude
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Foto: Daniela Bortone

Cerca de 1.000 jovens participaram com Dedé Teixeira 13 nesta quinta-feira, 4, em Icapuí, de caminhada da Gruta até a inauguração da Tenda da Juventude, localizada vizinho ao Comitê Central da coligação Diga SIM a Icapuí. Vestidos de vermelho e empunhando bandeiras vermelhas, eles entoaram os jingles da campanha de Dedé a Prefeito. Nas ruas, a Juventude gritou por oportunidades, por Emprego, Educação, Saúde, Cultura e Lazer, recebendo adesões e o entusiasmo de quem estava nas calçadas.

A Tenda da Juventude é um espaço onde a Juventude de Icapuí vai poder se encontrar, conviver e construir políticas públicas. Por volta das 20h30, houve um ato político com a presença de lideranças da juventude em âmbito estadual e nacional. De cima do trio elétrico, Dedé Teixeira ouviu manifestações de apoio de lideranças e de jovens de Icapuí, num claro sinal de que eles querem um futuro com mais desenvolvimento e cidadania.

O secretário de Juventude de Maracanaú, Josbertini Clementino, que também é secretário nacional de Juventude do Partido Democrático Trabalhista, entregou a plataforma de políticas públicas de juventude construída pela Juventude daquela agremiação. Em seguida, falou o Conselheiro Nacional de Juventude e membro da Confederação Nacional dos Jovens Empresários, Leonardo Baima. Jovem filho de Icapuí, Leonardo ressaltou a importância de a população lembrar as gestões do PT de da cidade à frente da Prefeitura, que se constituíram referência nacional e internacional. “A Juventude não deve se vender por migalhas, e sim caminhar rumo a um futuro mais digno”, afirmou.

Também presente ao ato esteve o assessor de Juventude do Governo do Estado, Ismênio Bezerra, também membro da Executiva Nacional do PSB. Ele enfatizou a importância das políticas públicas dos governos Federal e Estadual direcionadas aos jovens, que serão fortalecidas através da parceria com a futura gestão Dedé Teixeira na Prefeitura. Já o membro da Juventude Nacional do PT e também assessor de Juventude do Governo do Estado, Vladyson Viana, fez um breve relato de como a Juventude conseguiu a emancipação de Icapuí na década de 1980 e construiu a autonomia política da cidade. “Os jovens lutaram e disseram SIM a Icapuí naquela época”. Viana destacou ainda o papel dos Acampamentos da Juventude no apoio e incentivo ao protagonismo juvenil e à discussão de políticas públicas. Ele conclamou ainda os jovens a lutar pelo resgate da cidadania em Icapuí. “Em nenhuma das transformações pelas quais o Brasil passou, deixou de estar a figura do jovem. Vamos conseguir mudar essa realidade aqui de Icapuí”, concluiu ele.

Por fim, Dedé Teixeira enfatizou o mérito, além do momento festivo, da mobilização que tomou conta das ruas do Centro de Icapuí. “Nossa cidade precisa de políticas públicas concretas que gerem emprego, renda, Saúde e Educação para os nossos jovens. Temos a oportunidade de resgatá-las, e é isso que vamos fazer”.

Fonte: Site Oficial de Dedé Teixeira

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Ingrid, as Farc e os Estados Unidos

No livro "Drogas, Terrorismo e Insurgência", o escritor equatoriano Manuel Salgado Tamayo, conta a origem desta "cruzada" estadunidense, o que mostra bem quais são os interesses que estão por trás de toda a "bondade" que aparece no discurso que conclama a luta contra as drogas.

Os Estados Unidos, ainda mergulhados numa crise sem fim no Iraque, não abre mão do que acredita ser seu direito de intervir na vida dos países latino-americanos. Agora, num típico arranjo aos moldes da CIA, acaba de ajudar o governo de Álvaro Uribe a libertar Ingrid Betancourt, seqüestrada desde há anos pelas FARC. O anúncio da libertação da ex-candidata presidencial, juntamente com outros reféns estadunidenses, beira aos efeitos especiais de filmes como Rambo e Duro de Matar. Como sempre, é o mito do herói americano sendo reforçado. Mas, é bom lembrar que são figuras "míticas" como Rambo ou o personagem de Bruce Williams as responsáveis por rios de sangue como os provocados na queda de Salvador Allende, nas ditaduras argentina, brasileira e haitiana ou nos milhares de golpes de Estado que já aconteceram nesta "nuestra América", sempre capitaneados pelos interesses econômicos dos Estados Unidos.

Na Colômbia não é diferente. Desde que o país entrou na era republicana, pós-independência, o pendor de sua elite pela vassalagem vem se registrando a graus elevados. Seu primeiro presidente, Santander, quando o país ainda chamava-se Nova Granada, praticou o primeiro gesto ao trair Bolívar e aliar-ser aos interesses da Inglaterra. Desde então, em sucessivos governos democráticos ou autoritários, o povo colombiano não tem encontrado guarida para suas demandas. Não foi à toa que surgiram as FARC e outros grupos revolucionários que têm como objetivo a criação de uma Colômbia democrático/popular, na qual todos possam ter uma vida digna. Porque, afinal, até hoje, a Colômbia não logrou sua verdadeira independência.

Desde 1948, depois do assassinato de Jorge Gaitán, um político que era capaz de ouvir o povo, o país foi mergulhado numa rede de violência que parece não ter fim. Mas, é bom que se diga: os maiores incentivadores deste estado de coisas são os governos que insistem em não incorporar as demandas populares à vida nacional. Assim, não bastasse já o caldo de terror provocado pelas insanas lutas entre os liberais e conservadores, que tem suas origens no traidor Santander, o povo colombiano precisa enfrentar a sanha opressora do império estadunidense que não quer ver na ponta noroeste da América do Sul mais um país fora de sua folha de pagamento. Daí a cortina de fumaça que espalha com sua famosa "guerra contra as drogas".

Porque combater as drogas
No livro Drogas, Terrorismo e Insurgência, o escritor equatoriano Manuel Salgado Tamayo, conta a origem desta "cruzada" estadunidense, o que mostra bem quais são os interesses que estão por trás de toda a "bondade" que aparece no discurso que conclama a luta contra as drogas. Tamayo conta que até o início do século XX drogas como o ópio e a cocaína eram bastante utilizadas com fins medicinais. A cocaína, por exemplo, estava até na Coca Cola e era vendida legalmente como tônico revigorante. Foi por volta de 1903 que as autoridades começaram a associar as drogas às lutas das chamadas classes subalternas. Como não havia argumentos para reprimir a luta dos negros no sul dos EUA, que insistiam em lutar por coisas "absurdas" como direitos iguais aos dos brancos, chegou-se a conclusão de que eram os tônicos à base de cocaína que tornavam os negros muito rebeldes.

Além disso, as mulheres estadunidenses passaram a fazer sexo com os chineses imigrantes e isso, diziam as autoridades, só podia ser por conta do uso do ópio. Pois, afinal, que outro motivo levaria uma mulher branca, de boa família, a se deitar com um chinês? E também havia os mexicanos que começavam a ficar muito violentos. O motivo parecia óbvio: era o uso da marijuana. Nada a ver com as condições desumanas a que estavam submetidos os imigrantes ditos ilegais. E foi com base nestas premissas que começaram a ser criadas leis de criminalização destas drogas específicas. O álcool e o tabaco, por movimentarem uma indústria gigantesca e serem também consumidos pela classe dominante não sofreram muitas restrições.

Agora, na Colômbia, a história segue se repetindo. As lutas levadas adiante pelas FARC e outros grupos revolucionários no país não têm absolutamente nada a ver com a cocaína. Estes movimentos nasceram lá no início da década de 50, fruto da instabilidade e da violência gerados pelo próprio estado. E mais, estes grupos têm a ousadia de reivindicarem idéias "muito ultrapassadas" como o socialismo, a participação popular, a reforma agrária enfim, um outro tipo de organização da vida.

O cultivo da coca, que para algumas famílias é a única possibilidade que sobra no meio de uma guerra sem fim, não tem a finalidade de drogar o mundo. Todo o processo de refino e transformação em droga fica a cargo de outras gentes, com outros sotaques, que movimentam rios de dinheiro os quais nunca são vistos pelos pobres camponeses colombianos acossados entre o estado, os paramilitares, os traficantes e a miséria.

Mas, é justamente a cocaína o motivo que leva o governo colombiano a se associar com o governo dos Estados Unidos para "salvar" o mundo. O Plano Colômbia, nascido em 1998, durante a campanha presidencial de Andrés Pastrana, que visava uma negociação para a paz política acabou, pelas mãos de Bill Clinton, virando uma cruzada antidrogas, como se toda a problemática colombiana se resumisse a isso. Na verdade, o plano, arrumado pelos estadunidenses e sequer apreciado pelo congresso colombiano, só tinha uma preocupação: destruir o foco socialista que representavam as FARC e a ELN.

Os últimos fatos
Não é sem razão que a mídia cortesã insiste em divulgar aos quatro cantos a tese de que FARC e narcotráfico são a mesma coisa. É como o argumento de que os negros ficavam rebeldes por conta da cocaína, que os chineses seduziam as brancas por conta do ópio e os mexicanos ficavam violentos por causa da marijuana. Os motivos da guerra contra os pobres sempre são outros, ficam escondidos, e a grande massa vai absorvendo as mentiras. Não foi à toa que Hugo Chávez, o presidente venezuelano conclamou as FARC para que libertassem alguns reféns. Calejado nas artimanhas do império ele já deveria ter intuído que a CIA estava muito próxima de lograr uma vitória contra a guerrilha. Pois aí está.

Agora, o governo colombiano vai despejar no mundo, via mídia estadunidense, que é ele quem está "limpando" a Colômbia, que as FARC estão derrotadas, que não há mais a liderança de Marulanda, que tudo está fragilizado com mais esta vitória governamental. Logo, destruídas as FARC, o povo haverá de ter novamente a paz sonhada. De novo, as mentiras cobrem tudo com seu manto azul.

Jamais contarão ao mundo que as FARC e o ELN só nasceram por conta da violência do Estado contra as gentes, e que só seguem lutando porque esta violência segue crescendo. Para se ter uma idéia, o mal fadado plano Colômbia tem desalojado milhões de famílias ao longo destes anos, almas que vagam pelo território colombiano sem lugar, sem casa, sem terra, sem nada. O mesmo plano de libertação é o responsável pelas fumigações que destroem a terra, as plantações e a possibilidade de uma vida melhor para os camponeses.

A cortina de fumaça da libertação da ex-senadora vai alimentar a mídia por dias. Já falam até de eleições e de que ela pode vir a ser a sucessora de Uribe na presidência. Mais uma gerente do império. Nada mais do que "negócios". Enquanto isso, as gentes colombianas seguirão sendo a bucha de canhão de uma guerra que não querem. O tráfico de drogas é uma grande indústria, mais uma das grandes transnacionais que sugam a vida das gentes de Abya Yala, e ele permanecerá intocado enquanto o povo unido não enfrentar o verdadeiro monstro: o sistema capitalista e sua lógica de exploração e destruição. Esse é o inimigo a enfrentar porque, afinal, nós, os pobres, os negros, os chineses, os mexicanos e todos os demais "subalternos", não ficamos rebeldes por conta da cocaína, do ópio ou da marijuana. Nós ficamos rebeldes porque sabemos que uma outra sociedade pode ser construída, com solidariedade, com justiça e riquezas repartidas.

Por: Elaine Tavares

Fonte: Carta Maior